domingo, 17 de junho de 2012

Prefeitura Inicia Obra de Restauração da Casa do Agente.



Por Nildo Alexandrino

A prefeitura Municipal em parceria com o Ministério do Turismo e apoio do Senador e Ministro Garibaldi Filho, iniciou a obra de restauração da antiga Casa do Agente Ferroviário de Frutuoso Gomes.

Depois de muita persistência do prefeito Lucidio Jácome, os imóveis da antiga RFFSA foram doados ao município pela União Federal, e serão totalmente restaurados e transformados em espaços culturais. A reforma desses patrimônios da nossa história é um sonho antigo desse que vos escreve e graças ao prefeito Lucidio Jácome essa história terá sua continuidade por muitos anos.

Primeiramente será restaurada a Casa do Agente e em seguida será a vez da Estação Ferroviária. Esses prédios, como é do conhecimento de todos, viviam abandonados e em pouco tempo poderiam desaparecer, levando com eles uma bonita e importante parte da nossa historia.

Inaugurada em 31 de dezembro de 1941 a Casa do Agente Ferroviário teve como seu primeiro administrador: Francisco das Chagas Paiva, (Seu Paiva), como era mais conhecido. Nessa casa aconteceram fatos marcantes de nossa história, entre eles: Um grave acidente ocorrido em 24 de maio de 1956, com uma locomotiva Maria Fumaça à vapor, que na altura do quilometro 189 (próximo ao alto do balanço), saiu dos trilhos e virou, causando graves queimaduras no maquinista Bento Cirino, o mesmo ainda foi socorrido e trazido para esta casa, mas não resistiu às graves queimaduras e faleceu.

Outro fato marcante na história da Casa do Agente, e quase totalmente desconhecido pela população, é que, nesta casa, nasceu uma mulher que entrou para triste historia do Brasil no período da Ditadura Militar. Trata-se da jovem Anatália de Melo Alves, nascida aqui, em 9 de julho de 1945, filha do Agente Ferroviário Nicácio Loia de Melo. Já morando em Mossoró a jovem conheceu um rapaz chamado Luiz Alves Neto, por quem se apaixonou, vindo logo depois a se casarem. Em 1969 passou a atuar juntamente com o esposo, no PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), passando a morar no estado de Pernambuco atuando nas Ligas Camponesas, aonde foi presa juntamente com o marido em 17/12/1972. Juntos foram transportados ao DOPS de Recife onde foram torturados. Anatália foi terrivelmente torturada até a morte, como foi encontrada numa cela, no porão do DOPS em Recife em 22/01/1973.

Hoje existem vários prédios, ruas e um colégio em Mossoró com o seu nome, e acho, na minha humilde opinião, que, nada mais justo que prestar essa homenagem também à essa jovem que morreu defendendo seus ideais para um Brasil livre da Ditadura Militar. Homenageá-la dando o seu nome a Casa do Agente, que ora está sendo restaurada e será transformada em museu municipal onde abrigará a história do nosso povo.

Nildo Alexandrino ( Chefe da Divisão de Cultura do Município - Pesquisador )

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